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SÓ INÉDITAS DO ARANHA NA RGE!

>> Em Fevereiro de 1979, após uma escalada cheia de solavancos e tropeços, por conta da ingerência da Bloch Editores...

Mas quando caiu, ele CAIU PRA CIMA vejam só!


O "Amigão da Vizinhança" que teve seu gibi publicado apenas 33 vezes nos 48 meses anteriores, sendo os últimos bimestrais, passaria a ganhar muito destaque pelas mãos da Rio Gráfica Editora, que se apresentava bastante disposta a explorar ao máximo o potencial do personagem. Não somente por ele já se consagrar como o mais popular entre os leitores, mas também por estar fazendo sucesso na televisão, por conta de seu desenho animado reprisado a exaustão e pela grande novidade setentista, a série live-action com o Nicholas Hammond no papel do fotógrafo freelance Peter Parker, que inclusive teve seu episódio-duplo piloto lançado nos cinemas.


E quando falo em explorar seu potencial ao máximo, não estou exagerando não, pois no mesmo intervalo de tempo da Bloch, a editora do jornalista Roberto Marinho, fez o personagem "cair" não em um, mais em seis títulos diferentes.

As peças publicitárias elaboradas pela RGE, entraram para história


Passar a publicar o gibi do "Cabeça de Teia" assim como O Incrível Hulk, parecia ser uma estratégia infalível, já que o seriado do Aranha e do "Ervilhão Nervoso" com Bill Bixby e Lou Ferrigno passavam na TV Globo pertencente ao mesmo grupo de mídia da Família Marinho. Mas conforme relatado no livro "Marvel Comics: A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil" do colecionador Alexandre Morgado, que ainda pode ser adquirido via catarse, em pouco tempo, na verdade os quatro anos que mencionei no começo, a editora do Fantasma e Mandrake acabaria por desistir de licenciá-los. Pois as edições de ambos, que vendiam juntas em média 80 mil, com picos de 100 mil exemplares, chegaram em 1983 com 10% desse volume. Os motivos, para isso ter acontecido são explicados no livro, portanto para saber mais a respeito, é só dar uma moral na campanha.

Puro marketing, o "Teioso" era escalado para alavancar os demais títulos Marvel


O gibi mensal do Aranha durou 49 edições, mas somente 24 delas tiveram histórias inéditas, já que a RGE para conseguir alcançar The Amazing Spider-Man #136, publicado pela Ebal em HA #70, seis anos antes, gastou as 25 primeiras. Para compensar a editora espalhou as histórias repetidas e inéditas de "Marvel Team-Up" o gibi onde o Aranha duplava com diversos heróis da Casa das Ideias, por outros títulos como a mensal "Super-Heróis Marvel", o "Almanaque Marvel" e os "Almanaque" e "Superalmanaque do Homem-Aranha". Nesses dois últimos também foram publicadas algumas edições annuais, também inéditas, dos títulos americanos do personagem. Além disso outro almanaque, o "Premiere Marvel" (o mais "cult" da editora) ainda recebeu aventuras do Aranha, publicadas no titulo de realidades alternativas "What if?..." ou "E SE..." e que pela Editora Abril, foi batizado como "Oque Aconteceria Se..."

Mas ela não parou por ai, trouxe também para o Brasil uma grande novidade: O segundo título solo do personagem, "Peter Parker The Spectacular Spider-Man"; estreando em "Super-Heróis Marvel" #25, depois migrando para o "Almanaque do Aranha" a partir do #07. Onde a RGE literalmente ofereceu uma overdose aracnídea, reunindo de três a cinco aventuras por edição.

Tudo isso acabou totalizando mais de 150 aventuras. Nada mal, não é mesmo? Principalmente se levarmos em consideração a época de "aranhas magras" que foi a Era Marvel/Bloch com suas cores e combinações de gosto duvidoso. Um dessabor aliás, que o leitores da RGE não tinham que sentir, já que a palheta de tons da editora conseguia se aproximar dos originais da Casa das Ideias.


FICA ENTÃO A PERGUNTA: SERÁ QUE PODERIA TER SIDO MELHOR?


Ahhh... mais claro que poderia! E para tanto é só consideramos que esse novo projeto imaginário da Batdeira é uma sequência direta do apresentado mês passado, com a Bloch Editores não republicando e sim prosseguindo com as aventuras de onde a Ebal, tinha sido obrigada a parar.


A RGE criou um padrão para suas capas: Heróis ampliados e letras garrafais. As imagens originais eram aproximadas e muitas vezes o cenário de fundo apagado. Portanto uma adaptação de ASM #186 (Nov/78) seria uma grande possibilidade, com direito a chamadinha de efeito clonada do gibi do Hulk.

Com isso a edição de estreia do Homem-Aranha na editora de "O GLOBO Juvenil" e o "GIBI", em Fev/79 apresentaria como conteúdo duas aventuras totalmente inéditas:


"Só loucura na cabeça!" Onde nosso herói tenta se desvencilhar do "Poder Hipnótico do Dr. Fausto". Continuação direta de "Confrontação" (ASM#169 - Jun/77 • HA #33 imaginário da Bloch), que só veio a ser publicada de verdade pela RGE em HA #42 (Jun/82) e foi retirada de ASM#170 (Jul/77);


"Duas ferroadas do Tarântula!" Com a volta de Anton Miguel Rodriguez, o vilão sul-americano planejando assassinar o prefeito de Nova York. Publicada muito fora de sincronia em SHM #25 (Jul/81) já que ela pertence PPSSM #01 (Dez/76).


Eu defendo que esse delay entre as edições originais ASM e PPSSM, que gerou muita confusão na cabeça dos leitores tupiniquins da época, foi consequência direta da decisão tomada pela Bloch. Pois a RGE, se viu obrigada a continuar com as republicações. Mesmo tendo total acesso as aventuras inéditas de ambas as séries, fato comprovado pela escolha da capa de HA #4 (Mai/79);

essas mãos mostrengas (PPSSM #29) que enforcam nosso herói, pertencem ao vilão Carniça, que só veio a ser publicado quatro anos depois, no último Almanaque do Aranha (Nov/82). Curiosamente, essa capa também foi adaptada pela Editora Abril, em HA #2 (Ago/83) para dar entender que elas pertenciam a outro vilão presente na revista, o Kulan-Gath.


Voltando ao nosso imaginário mundo perfeito, a RGE conseguiria sincronizar as duas séries, dando uma trava em ASM e publicando em suas quatro edições seguintes, duas aventuras de PPSSM cada, até que na edição #6 (Jul/79) a editora retornaria com publicação de ASM...

Dessa forma teríamos as seguintes histórias:


"Photon é o outro nome de...?" ASM#171 (Ago/77). Com Richard Rider, o NOVA, (personagem icônico da Era Marvel/RGE) contando com a ajuda de Peter Parker, para investigar o misterioso assassinato de seu Tio;


"E apenas um sobreviverá" PPSSM #08 (Jul/77). Apresentando a conclusão do segundo confronto do Aranha contra Morbius - O Vampiro Vivo, iniciado na edição imaginária anterior.


A história e a capa com Aranha e NOVA, dando um mergulho radical foi publicada pela RGE de verdade em HA #43 (Jul/82), ela se difere desta versão imaginária somente em dois aspectos, o "cornex box" que a partir do #9 mudou do corpo inteiro para apenas a cabeça do "Teioso" e o tamanho da revista em sí, que diminuiu da edição #22 em diante.


E sendo um fã do desenhista Paul Gulacy, responsável por todo o sucesso do gibi do Mestre do Kung Fu ao lado do roteirista Doug Moench, eu de forma alguma deixaria de imaginar uma capa variante para essa edição com a ilustração criada por ele para o título original. Aqui no Brasil ela foi ignorada pela RGE, visto que a história saiu dentro do Almanaque do Aranha #7, mostrando mais acima. E fica ao critério de vocês, escolherem a sua preferida.


A "dobradinha" formada por ASM e PPSSM seria mantida pela RGE em todas as edições imaginárias até a #49 (Jan/83) que seria a última, com uma exceção apenas a edição #35 (Nov/81)...

A exceção se faz justa pelo caráter especial contido nela: ASM #200 (Jan/80), com o dobro de páginas de uma edição regular americana, apresentando...


"A Aranha e o Ladrão ... Uma Sequência".

É uma aventura incrível que nem precisa de maiores detalhes, pois a capa já diz tudo. Infelizmente para os colecionadores da RGE, essa aventura não chegou a ser publicada pela editora; ela só deu as caras por aqui, através da Editora Abril, em HA #9 (Mar/84) e 10 anos depois em A Teia do Aranha #53 (Mar/94);


Completando a edição, teríamos também a seminal, "Origem do Homem-Aranha" extraída de Amazing Fantasy #15, ignorada pela Ebal e Bloch, mas resgatada pela RGE. A diferença aqui, é que sua publicação seria antecipada, por motivos óbvios. Em nosso mundo real ela saiu em HA #44 (Ago/82).


E finalmente, marcando o fim dos quatro anos da Era Marvel/RGE, a derradeira edição #49 por coincidência teria o maior climão de velório! Graças a sua fatídica capa:

Mas ela engana, em "Assassinos de herói" PPSSM #52 (Mar/81), Peter Parker após levar o corpo quase sem vida de Hector Ayala, o Tigre Branco para o Hospital, saí no encalço da quadrilha do suposto mandante, o gangster Gideon. Essa aventura também só veio a ser publicada de verdade, pela Editora Abril em HA #26 (Ago/85) pois a RGE só conseguiu chegar até PPSSM #31 (Jun/79), com a conclusão da luta do Aranha contra o vilão Carniça, no Almanaque #12 já mencionado;


Complementando as páginas "Então seremos ambos traídos!" ASM #214 (Mar/81), onde Aranha e Namor, o Príncipe Submarino enfrentam juntos a nova formação do Quarteto Terrível. Que permanece inédita até hoje, já que a RGE conseguiu chegar somente até ASM #182 (Jul/78) e a Editora Abril por sua vez, resolveu ignorar o arco de histórias a qual ela pertence.


Com isso, o saldo total dessa matemática imaginária seria mais do que positivo. Com 53 edições inéditas (32 de ASM e 21 de PPSSM), além das que foram publicadas pela RGE. E elas não seriam as únicas, pois não me esqueci do espaço que ficaria vago nos Almanaques do Aranha, por conta do remanejamento das aventuras de PPSSM para o título mensal. Para ocupá-los, outras histórias é que não faltariam por conta de todas as edições de Marvel Team-Up, Annuais e Gigant Sizes disponíveis no mesmo período.

 

Fonte: (guiadosquadrinhos.com / guiaebal.com / comicvine.com )


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