O "NOVO" ARANHA DA BLOCH!
>> Em janeiro de 1975 a EBAL publicaria seu septuagésimo e último número de O Homem-Aranha, o mais bem sucedido título de sua parceria com a Casa das Ideias, (que começou de forma curiosa graças a Distribuidora de Combustíveis SHELL), junto com a oitava e também última edição em cores do personagem, decretando assim o fim de sua "Era Marvel".
Últimos exemplares de uma curta Era de Maravilhas,
os "Super-Heróis SHELL" se despedem de São Cristóvão
Não por decisão do Sr. Adolfo Aizen, mas sim por conta de uma "aquisição hostil" por parte do empresário e conterrâneo Adolpho Bloch, criador das famosas revistas Manchete, Fatos & Fotos e da Rede Manchete, que negociou diretamente com a Marvel um novo e inédito contrato (pois até então os acordos eram selados somente de boca) com a promessa de dar aos super-heróis de Stan Lee & Cia, um tratamento diferenciado, dedicando edições individuais totalmente em cores para os já licenciados pela EBAL, assim como lançar outros inéditos no Brasil. Conforme relatado em "Marvel Comics: A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil." de Alexandre Morgado, que chega a sua segunda edição revista e ampliada via Catarse.
Adolpho Bloch cumpriu sua promessa, porém do jeito que ele achou melhor
e não como os leitores e nem muito menos a Marvel, imaginavam
A Bloch Editores já no fevereiro do mesmo ano em que tomou a Marvel pra si, lançou suas hoje famosas edições coloridas, mas no caso particular do Homem-Aranha ao contrário do que todos os "amigos da vizinhança" estavam esperando, ela não continuou de onde a EBAL tinha sido "obrigada" a parar, como ocorreu com o "novo" Capitão América por exemplo, preferindo republicar todas as aventuras desde o início. Com isso o último capítulo do primeiro confronto entre o Homem-Aranha e o segundo Duende Verde, ficou sem final. Imaginem então a frustação dos fãs?
Agora imaginem essa frustação multiplicada por seis anos?
Esse foi o tempo que se passou até que a RGE, do jornalista Roberto Marinho, já tendo sucedido a Bloch na publicação do personagem em 1979, levou para alcançar The Amazing Spider-Man #136 (Set/74) publicada no Aranha #70 da EBAL. E só não demorou mais, porque a editora pulou 28 histórias entre os números #3 e #4 de sua série. Com isso os fãs do "Cabeça de Teia", só foram por as mãos no dramático desfecho da trama, em Fevereiro de 1981 com o seu Aranha #26.
Edições da RGE com "A Volta do Duende Harry!" e sua tão esperada
continuação, que não ganhou capa, mas deveria por conta da importância
Porém aqui na Batdeira tratamos sempre de imaginar o "mundo ideal" e graças a uma matemática editorial alternativa a Bloch não teria freado os capítulos inéditos da "novela mexicana" de Peter Parker, e sim daria sequência a eles em o... "NOVO" HOMEM-ARANHA!
Por conta da já famosa e imprudente acelerada cronológica da EBAL , a diferença das histórias publicadas no Brasil em relação as inéditas da Marvel Comics tinha ficado super estreita, eram apenas quatro meses de intervalo. Por isso o gibi da Bloch teria uma única edição inédita "The Amazing" por mês, ao contrário da "carga dupla" vista no gibi do Capitão América, para não correr o mesmo risco.
E aí sim, para completar o total de 68 páginas por edição, a republicação das antigas e hoje clássicas histórias desenhadas por Steve Ditko seriam muito oportunas. Deixando bem claro para aquele leitor novato, que essas seriam aventuras do passado, de quando o "Aranha era apenas um garotão", identificadas com o supersimpático selinho "Teia de Sucessos!", uma espécie de antecessor do saudoso "Grandes Momentos Marvel" da Abril.
Dessa forma e seguindo o exemplo do que foi feito com o "novo" Capitão América, a Bloch Editores então publicaria o "novo" Homem-Aranha #1 em Fevereiro de 1975, com duas histórias: A inédita última parte de "Teioso Peter" Vs. "Duende Harry" (ASM #137-Out/74), junto com as primeiras aventuras clássicas (ASM #1-2 /63) em "Teia de Sucessos!".
A palheta de cores ácidas e suas famosas combinações bisonhas, que segundo reza a lenda eram aplicadas durante a "limpeza" da rotativa antes da Bloch imprimir a revista Manchete, são o ponto negativo mais lembrado pelos colecionadores de longa data, mas devo confessar que na produção desse projeto imaginário foi muito divertido tentar reproduzir esse "Toque de Midas" da editora.
_ E a propósito, uma característica original sempre presente em suas HQ´s e que eu tenho em alta estima é o letreiramento totalmente manual produzido por Edmundo Rodrigues. Seus tipos cheios de personalidade, muitas vezes parecendo até "animados", sempre me impressionaram desde pequeno, quando eu nem sabia oque era desenho gráfico. E se não fosse por outro fã da Marvel de longa data - Toni Rodrigues, eu não saberia a quem hoje, reverenciar por esse trabalho digno de um "Titã do Olimpo", já que ele foi responsável por todas as capas dos gibis da Era Marvel/Bloch.
Em um período de quatro anos (de Fev/1975 até Jan/1979), tempo que durou o contrato com a Casa das Ideias a Bloch conseguiu lançar apenas 33 das 48 edições mensais que seriam esperadas, com seus últimos números chegando a ser bimestrais. Essa mudança na periodicidade só pode ter ocorrido por um único motivo: As revistas vendiam cada vez menos.
Porém, mesmo assim o Homem-Aranha foi a revista Marvel/Bloch
com maior numeração entre os personagens "tomados" da EBAL
Oque demostra que o ineditismo das aventuras de Steve Rogers e seu "parça" Sam Wilson, não fizeram grande diferença no final, já que o "novo" Capitão América, teve de duas à três histórias inéditas por edição e mesmo assim foi cancelado no número 20, antes que a "Saga do Bicentenário" produzida pelo Rei Kirby tivesse sido concluída, permanecendo incompleta até hoje.
Adotando esse fato como imutável nessa realidade alternativa e com apenas uma aventura inédita por edição, a Bloch conseguiria chegar até ASM#169 (Jun/77), apresentando os primeiros reflexos da "Saga do Clone" original, com o J. J. Jamenson colocando seu fotógrafo freelance contra a parede.
E o mais curioso de tudo, nesse projeto imaginário, é que assim como aconteceu com a edição #33 verdadeira da Bloch, nesse número imaginário, o "Teioso" também seria "Finalmente Desmascarado !".
Não foi uma coincidência surpreendente, ou melhor Amazing?
Para finalizar, por conta da irregularidade de suas publicações, a Bloch Editores acabaria por aumentar o delay entre as edições nacionais e originais do personagem, de quatro para dezenove meses, dando a RGE uma margem confortável para seu planejamento futuro. E é claro que ela não se veria obrigada a dar continuar as republicações da época da EBAL, como aconteceu de verdade.
Põe teia embaraçada nisso! A RGE se enrolou com sua edição de estreia
Nem muito menos cometeria aquele outro erro editorial que ficou famoso entre os fãs velhacos do "Cabeça de Teia": O equivocado 2º retrocesso da cronologia aracnídea, por conta da republicação de duas aventuras que já tinham saído em Homem-Aranha #21-22 (Mai-Jul/77) da Bloch, como ponto de partida em Homem-Aranha #1 (Fev/79). Foi por isso que pularam as 28 edições mencionadas no começo do projeto, pois perceberam com isso, que atrasariam ainda mais a chegada de aventuras inéditas.
(1) Além das 33 edições irregulares, a Bloch lançou duas edições especiais do Aranha e em ambas, curiosamente publicou histórias inéditas no Brasil, retiradas de outros títulos do personagem editados pela Marvel. Em Álbum Maravilha três histórias foram retiradas da série alternativa Spidey Super Stories que baseado no seriado infantil live-action voltado para as crianças aprenderem ciência, que é inédito por aqui;
(2) Já em sua única tentativa de imitar os famosos e cobiçados almanaques do "Teioso" lançados por sua antecessora, um crossover no melhor estilo "Marvel Team-Up" (que saia pela EBAL no Aranha em Cores), com o Homem-Coisa retirado de Giant-Size Spider-Man #5, caiu de paraquedas dentro do Almanaque de 1976;
(3) Mas elas não foram as únicas edições inéditas a saírem pela Bloch em gibis do Aranha, as edições #7 e #13 resgataram duas aventuras do Steve Ditko puladas pela EBAL "Os segredos do Homem-Aranha!" e "Nunca pise num Escorpião!". E na edição #32 a primeira história desenhada pelo John Byrne com o personagem no Brasil. Com nosso herói enfrentando uma Tigra, dominada pelo Kraven, retirada de "Marvel Team-Up #67 (Mar/78);
Fonte: (guiadosquadrinhos.com / guiaebal.com / comicvine.com )
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