ALMANAQUES PERDIDOS DA EBAL [3]
- VAM!
- 26 de abr. de 2020
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>> Conforme mencionei no projeto "Super-Almanaques Perdidos" curiosamente no ano de 1975 o Almanaque SUPERMAN, foi substituído pelo NOSTALGIA, mas que na prática era a mesma coisa.
Ele teve como base a revista FAMOUS 1st EDITION - AC#1 a primeira de uma série especial dentro do selo "DC Limited Collectors", com reproduções gigantes (fac-símile nem era um termo conhecido na época) de comics raros que fizeram a história no mercado americano.

Mas pelo fato de apenas este ter chegado ao Brasil, de um total de nove lançados*, imagino que as vendas não corresponderam ao esperado. Do contrário duvido muito que as demais edições não aportassem por aqui.
Pois além da incrível novidade de serem fac-símiles eles não precisavam ser "montados" selecionando cada uma das histórias, como era de praxe na produção dos Almanaques. Os mesmos já viriam prontinhos "de cabo a rabo", era somente traduzir e diagramar, sendo que o trabalho maior ficaria por conta de se criar novas capas.

Ainda assim, ressalto que a EBAL resolveu dar uma potencializada em sua versão com a inclusão de uma pequena mas singela retrospectiva em três páginas, sobre a publicação do Homem de Aço no Brasil.
Iniciada de forma seriada em 1938 na Gazetinha, suplemento periódico de A Gazeta, depois passando para O Globo Juvenil e O Gibi de O Globo e O Lobinho do Grande Consórcio Suplementos Nacionais, até finalmente ganhar título próprio pelas mãos do Sr. Aizen em 1947.

Sobre a mudança de nome, especulo que a intenção da EBAL na época foi quem sabe dar uma "cutucada" em sua rival de longa data, à RGE do Grupo Globo do jornalista Roberto Marinho, que nesse período lançou também o seu "Almanaque do Gibi NOSTALGIA".
Que por sinal obteve muito mais sucesso, foram sete edições publicadas, provavelmente por conter um mix abrangente de personagens bem conhecidos do público, ao contrário de apenas um único Super-Homem entre outros heróis que se encontravam no ostracismo.

A ideia de se trocar o logotipo original "Acêtion Comicês" pela frase de apresentação, terminando em forma de sub-título "A primeira história do Super-Homem" foi ótima. A EBAL, deve ter levado em conta a dificuldade de pronúncia e entendimento do idioma original, muito menos compreensível a 1ª vista do que "Batmã" ou "Supermã", pela maioria do público alvo da revista.
E além do mais, nada se perdia, pois dentro do NOSTALGIA, logo na página três, havia uma segunda reprodução, mais ampliada ainda, da mesma capa de Action Comics #1 ocupando agora todo espaço da folha.

Outro complicador, nesse caso específico, pode ter sido o formato gigante "treasury", que elevou o preço de capa. Afinal ele é fantástico para reproduzir as pranchas de grandes ilustradores de amplo conhecimento artístico como Neal Adams (Super vs. Ali), García-López (Super vs. Mulher-Maravilha) e Ross Andru (Super vs. Aranha), mas para um Joe Shuster revelado numa era pré DC, ainda chamada National, acabava por evidenciar que sua técnica era muito rudimentar em uma inevitável comparação.
E tem mais, pra piorar a própria EBAL publicou meses antes a mesma história em Origens dos Heróis #1 (Revista Lançamento - 3ª série) por 10 cruzeiros à menos! Os quais poderiam ser investidos em mais duas edições dessa mesma coleção. Foi um erro estratégico!
Portanto juntando todos esses complicadores, não é de se admirar que os demais Almanaques NOSTALGIA/"FAMOUS 1st EDITION", que até eram mais interessantes como detalharei a seguir, foram inviabilizados.

MAS, E SE... AS COISAS FOSSEM UM POUCO DIFERENTES?!
SE... apesar desses pontos negativos, a oportunidade de se obter um precioso fac-símile falasse muito mais alto aos ouvidos dos colecionadores?!
SE... ao invés de apenas uma, a EBAL lançasse de início duas edições, focadas em seus "INVICTUS" compartilhando entre si a mesma identidade visual, dando a entender que outros heróis poderiam vir em sequência?
PARA RESPONDER a essas perguntas que ninguém se preocupou em fazer até hoje, eu acho (!), apresento o mais novo projeto imaginário da Batdeira:

Considerando o resultado comercial do NOSTALGIA como positivo, além desses dois fac-símiles, a EBAL teria como publicar outros "FAMOUS 1st EDITION", nos anos seguintes em que, hoje sabemos, seus almanaques de "SUPER-HERÓIS" e "QUADRINHOS" não ganharam impressões.
Esses dois títulos genéricos foram utilizados pela a editora do bairro de São Cristóvão, em ocasiões específicas em que ela precisou de mais espaço, pra dar conta das histórias que tinha à sua disposição, sem que houvesse um compromisso pontual com o leitor de que os mesmos fossem publicados todos os anos.
"SUPER-HERÓIS" surgiu "NA ONDA 1969", ele é talvez o mais valorizado dos almanaques, por conta de ser o único existente com os heróis da MARVEL, que faziam sucesso na televisão em suas "séries desanimadas", no curto período de cinco anos, que foram editados pelo Sr. Aizen. Ele só voltaria as bancas em 1975 e 1980.
Com "QUADRINHOS" a história não foi muito diferente, ele também apareceu "NA ONDA 1969" pra depois dar as caras somente em 1977, 1979 (durante as férias escolares) e 1980.

Mas voltando ao NOSTALGIA, como eu disse antes, a ideia que a EBAL teve de substituir o logotipo original "Acêtion Comicês" foi muito boa, porém a diagramação da palavra nostalgia dentro da elipse pontilhada que até pode ser entendida como um carimbo, não ficou tão bacana como poderia.
As fontes escolhidas são feias e finas e apesar do tamanho que ocupam, 1/4 da área impressa, não conseguem transmitir "o peso" do resgate cultural que estava sendo feito. O resultado final ficou bem aquém do que poderia, se comparado a várias outras capas criadas pela editora ao longo dos anos.
E é por isso que apresento agora uma outra forma de diagramação, levando em consideração é claro, os recursos gráficos e referências disponíveis na época, como tenho feito em todos esses projetos imaginários da Batdeira:

Ainda com tamanho maior, NOSTALGIA seria trabalhado como uma "categoria" dentro da linha já existente da editora e não como uma "Edição Especial...". Sendo apresentado "vazado" na cor de fundo da capa, sobre a tarja colorida original dos "FAMOUS 1st EDITION". A ideia aqui foi de transforma-lo em um pedestal onde se apoiariam os títulos de cada um dos almanaques. As duas elipses vazadas nas tarjas originais, deram lugar a outras menores em branco; Dentro informações como o nome da editora, o Ano de publicação e o valor das edições.
Procurei cunhar as frases de apresentação de cada um dos fac-símiles, seguindo a abordagem proposta pela editora, da qual gostei tanto. Para que ao final o conjunto das oito edições ficasse o mais padronizado e homogêneo possível, sem que perdessem suas características originais.
Essa edição de AC #1, além do Superman, trouxe apenas outro personagem que conseguiu sobreviver após tantas décadas, só que de forma muito menos expressiva. Trata-se do mágico Zatara, um genérico do Mandrake de Lee Falk, que com os anos assumiu o status na editora de Pai da heroína mística que já integrou a Liga da Justiça - Zatanna.

A primeira aparição do Bat-Man com "O caso da sociedade química" em DC #27 é figurinha fácil no Brasil, ela já foi republicada inúmeras vezes por várias editoras distintas. Também aparece nessa edição, o detetive particular Slam Bradley criado pela dupla Siegel & Shuster, dois anos antes do Superman.
Slam Bradley já fazia parte do Staff da revista desde o número um e continuou saindo até o #152, de outubro 1949, mas sem o posto de protagonista, perdido com a chegada do Homem-Morcego. Que alias, não foi o primeiro detetive mascarado da editora, O Vingador Carmesim de Jim Chambers, um genérico de O Sombra do romancista Maxwell Grant, já atuava de forma misteriosa desde DC #20 e permaneceu até o #66.
Quem também dá as caras no gibi e é digno de nota, é o tétrico Dr. Fu Manchu criado em 1912, pelo romancista Sax Rohmer e que foi licenciado pela editora entre as edições #17/28 e detalhe: Apesar da semelhança, numa evidente malandragem da época, não é ele quem está na capa da clássica DC #1 e sim, um dos seus vários genéricos, chamado Chin Lung.

O Capitão Marvel agora conhecido como SHAZAM! que voltou a ser publicado pela DC em meados da década de 70, após anos de afastamento das bancas, por conta do processo judicial movido pela National contra a Fawcett Publications por plagiarem o conceito do Superman, também teve sua primeira aparição em Whiz Comics #1 reproduzida na série.
Esse "SUPER-HERÓIS 76" faria uma dobradinha bacana com seu anterior, também dedicado (de verdade) ao "Mortal Mais Poderoso da Terra". Completam essa edição vários personagens "mais do mesmo" como mágicos, detetives, investigadores, espiões e aventureiros, hoje perdidos nas areias do tempo.

A chamada bombástica já diz tudo, tornando esse Batman #1 o fac-símile que mais lamento não ter sido editado de verdade pela EBAL. Pois além do eletrizante embate título e sua inesperada e rápida revanche, outras duas aventuras da Dupla-Dinâmica enfrentando o nefasto "Prof. Hugo e seus Homens-Monstro" e uma "Mulher-Gato" irreconhecível, estão contidas aqui.
Isso sem contar o repeteco editado de "A lenda de Batman: Quem é ele e como surgiu" que antes tinha saído em DC #33. Felizmente décadas mais tarde a Panini veio e copilou em 2007 a edição na íntegra, dentro do primeiro volume de Batman Crônicas.
Acrescentei a cara pálida do "Príncipe Bufão do Crime", olhando maliciosamente para o leitor, como uma simples intervenção, mas que torna a capa desse "QUADRINHOS 76" ainda mais chamativa, tendo em mente que a versão original está ampliadona dentro da edição.

Porque secreta, escancara a chamada? Eu explico: É que junto a sua primeira aparição, numa aventura dividida e publicada em dois gibis distintos - All Star Comics #8 e Sensation Comics #1, ambas de Janeiro de 1942, somente alguns detalhes foram revelados sobre o passado de Diana de Themyscira.
Com apenas cinco meses de diferença, em Junho, o seu criador William Moulton Marston, resolveu detalhá-los e enriquece-los com mais mitologia grega, nessa história que se passa cronologicamente antes dos eventos relatados nas edições citadas acima.
Assim como Batman #1, foi para os "Bat-Boys", esse fac-símile também seria imperdível para os fãs da Princesa Amazona, por apresentar outras quatro aventuras (até hoje inéditas) da heroína; São elas: "A Mulher Maravilha vai ao Circo"; "Florence Nightingale"; "O Plano Diretor de Paula Von Gunther" e "O maior feito de ousadia da história da Humanidade".

Pouco antes do fim, a própria DC mudou parcialmente o layout de sua coleção, eliminando a tarja superior e aplicando apenas um fio vermelho separando o logotipo "FAMOUS 1st EDITION" da imagem do gibi escolhido para reimpressão. E por acreditar que a EBAL poderia muito bem adotar a mesma atitude, fiz as adaptações necessárias. E por minha conta resolvi, aumentar a janela de destaque do Hawkman, dando uma valorizada nele.
O primeiro FLASH da DC, se chama Jay Garrick, mas quando chegou em nosso País foi batizado como Joel Ciclone, provavelmente numa tentativa de "abrasileirá-lo". Tanto ele quanto o herói Hawkman, chamado de Falcão Negro, fizeram suas estreias em 1940 no suplemento O Lobinho #1 (2ª série). Pela EBAL em Superman #1 (1ª série) sete anos depois.
Depois que passaram a ser publicados pela EBAL, o Joel voltou a ser o Flash. Já o Hawkman, não teve tanta sorte, foi também chamado de Falcão, Gavião Negro e até de Rapina. E nesse ano de 1977 - "Falcão Negro" de novo. Pelo jeito, sempre houve incerteza sobre qual das aves caçadoras seria a mais implacável do Reino Animal para emprestar seu nome ao herói alado. E somente com a ajuda do Guia dos Quadrinhos seria possível conhecer todos eles - e olha que teve até mais.
Nessa edição também surge outro herói que vez ou outra aparece nos gibis da DC o relampejante Johnny Trovoada, além de O Chicote (um cavaleiro estilo Zorro) e ninguém menos do que o Agente Especial - "Cesar Roberto".

Esse "SUPER-HERÓIS 78" seria imperdível para os aficionados por todo o Universo DC! Afinal All Star Comics #3 é o primeiro gibi com um super-grupo; Formado por oito dos dez mais famosos heróis da década de 40, combinando forças ao fundar a Sociedade da Justiça da América, que ficou praticamente intocada durante toda a Era DC-EBAL**.
Apesar de reunidos nessa edição, os heróis só agiriam como equipe na seguinte, já que para se conhecerem melhor, cada um deles se apresentou contando sua aventura mais emociante até aquele momento. Foi uma ótima ideia, ofereceram oito pequenas grandes aventuras de uma única vez!
E para admiração minha, essa história permaneceu inédita no Brasil até o aniversário de 75 Anos da editora, comemorado pela Panini em 2010, com "A ERA DE OURO" a melhor de quatro edições de uma coleção especial.

Pra fechar com maestria, outra edição focada no Homem-de Aço, que faz ligação direta com AC #1. Pois foi somente com Superman #1, que os leitores tiveram contato com "A Chegada do Super-Homem" da forma como fora concebida originalmente por sua dupla de jovens criadores, sem o cortes realizados em sua primeira publicação. Ela é importante historicamente por apresentar o Casal Jonathan e Martha Kent, pais adotivos do Kal-El.
E mais, as outras aventuras da edição também são protagonizadas pelo último filho de Krypton! São elas: "Clark Kent consegue um emprego"; "Revolução em San Monté"; "Tragédia na Mina Blakely!" e "Superman, Astro do Futebol Americano".
Quanto ao visual, se diferenciar dos anteriores levando vantagem pelo fato do logotipo SUPERMAN estampar a capa desse NOSTALGIA - 79, isso acontece porque eu não quis quebrar a harmonia da moldura central da edição original.
Nessa última "FAMOUS 1st EDITION" a própria DC, também mudou consideravelmente a diagramação. E não vejo como a EBAL, deixaria de aproveitar a vantagem comercial de ter o nome do personagem estampado na capa em tamanho considerável.

* Se você leu tudo que escrevi até aqui, parabéns! Além disso, você vai perceber que das nove reproduções lançadas pela DC mencionadas logo no início dessa postagem imaginária, apenas oito seriam usadas pela EBAL, e a explicação pra isso é bem coerente:
Lembram que mencionei a 1ª aparição da Mulher-Maravilha como tendo sido dividida em duas partes? Então, a DC não fez fac-símile da primeira, pois a Amazona não apareceu na capa de All Star Comics #8, somente da segunda, onde ela era a personagem principal:

Para o mercado americano que valoriza as "edições chave", publicar apenas uma das duas, isso não foi impedimento, mas aqui no Brasil, tenho certeza de que iria gerar desapontamento. E como é sabido que a EBAL prezava a alegria de seus queridos leitores, ou pelo menos a sensação de nostalgia não vivenciada assim me faz acreditar, tenho certeza que ela evitaria esse sentimento.
Sensation Comics #1 trouxe também a estreia de outro herói, que curto bastante: Wildcat ou O Pantera. E essa história também foi apresentada pela EBAL em Origem dos Heróis #3, junta, adivinhem com quem? A "Origem Secreta da Mulher-Maravilha".

** A Sociedade da Justiça América foi quase que completamente ignorada pela EBAL, tendo aparecido somente de forma esporádica ao longo das décadas, em cerca de uma dúzia de revistas, mas de outros personagens.
Ela só ganhou uma sequência de histórias que foi considerada relevante, já no finalzinho da parceria do Sr. Aizen com a DC, curiosamente quando o super-grupo nem possuía mais um título próprio lá fora:

Em Adventure Comics #461-466 uma grandiosa e dramática aventura é narrada, cujo ponto alto foi a inesperada "MORTE DE BATMAN" mas é aquele da Terra 2. E esse deve ter sido o motivo obvio pelo qual a EBAL a resolveu publicá-la.
As edições #461-63 foram reunidas em Os Grandes Álbuns em Quadrinhos #3 (de Set/80) no formato magazine. Porém as seguintes #464-66, não tiveram a mesma pompa, ficando relegadas ao formatinho mesmo, na Edição Extra de Superboy: 'A PODEROSA" (de Jun/81).
Fonte: (guiadosquadrinhos.com / guiaebal.com / comicvine.com / dc.fandom.com/wiki/DC_Comics_Database )
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