MARVEL NA BATIDA PORTELENSE!
- VAM!
- 16 de fev. de 2020
- 5 min de leitura
>> "É nos menores frascos que se encontram os melhores perfumes" diz o ditado popular, mas saibam vocês que em se tratando de quadrinhos, principalmente super-heróis, por várias ocasiões ele também se aplica! Vejam por exemplo a pequena produção de Marshall Rogers com o Batman no final da década de 70, sete histórias o tornaram um dos desenhistas mais cultuados do morcego. Já pela Marvel, Jim Steranko com uma dúzia histórias do Nicky Fury impactou a indústria de tal forma que seu reflexo permanece ecoando até hoje.
E essa métrica vale também para um ilustrador pernambucano, que conseguiu imprimir seu próprio estilo aos heróis da Casa das Ideias, em uma pequena sequência de fantásticas ilustrações criadas, no período que ficou conhecido como a Era Marvel/Abril.
Me refiro ao mestre dos quadrinhos, WATSON PORTELA, responsável por uma carreira bastante prolífica, que passeia pelos mais diversos gêneros dos quadrinhos, seja no segmento infantil, infanto-Juvenil ou adulto.

E foi nesse último que se consagrou como grande visionário futurista nos anos 80, através de histórias sci-fi recheadas com guerreiras sensuais, maquinário avançado e cenários detalhados com uma profundidade e realismo de encherem os olhos.
Após duas décadas de produção intensa, Portela diminuiu consideravelmente sua atuação no mercado com chegada do milênio, mas ele nunca deixou de ter seus trabalhos publicados, mesmo que de forma espaçada.
Em 2001 a Editora Opera Graphica, resgatou boa parte de sua produção autoral com duas edições de "Paralelas" seu trabalho mais conhecido, dentro da Coleção Ópera Brasil. Material este que foi reapresentado pela Devir em edição encadernada de 2015, data em que Portela foi homenageado como "Grande Mestre dos Quadrinhos" pelo Troféu HQ Mix.
Dois anos depois de forma independente, Watson Portela comemoraria seus 50 anos de carreira, com o lançamento da edição especial "ECOS DA VIDA". Que pode ser adquirida através de seu próprio blog onde também encontramos dezenas de artes já publicadas assim como inéditas e foi através dele que o Sr. Watson compartilhou o seguinte texto:
"Um ator, músico ou jogador, quando coloca em prática o que sabe fazer, tem o retorno imediato, porque está em contato direto com o seu público.
Guardada as devidas proporções, passei parte de minha vida me dedicando ao que sei fazer, mas sem ter a mínima noção de que estava agradando meia dúzia de leitores e nem havia como saber!
Só anos depois, com o desenvolvimento da tecnologia, é que comecei a receber um retorno carinhoso, tanto para minha arte, como para a minha pessoa.
Talvez uma grande maioria pense que eu já sabia disso, mas a verdade é que só mais recentemente, é que tive essa alegria de saber que toda minha dedicação, valeu a pena. Fico emocionado quando leio textos repletos de carinho e me sinto gratificado por tudo.
Minha eterna gratidão a todos vocês. Um grande abraço e beijo no coração."
Watson Portela
Ao me deparar com esse singelo depoimento, me lembrei do quanto vi pela primeira vez, uma arte assinada pelo Sr. Portela, justamente através das capas mencionadas no início dessa postagem. E mesmo sabendo hoje, que elas são apenas uma ínfima parte de sua contribuição para a Nona Arte, também me coloco nessa "meia dúzia" de admiradores do seu trabalho.

Quando encontrei no jornaleiro um exemplar de Marvel Especial #1, fiquei vidrado não só na forma fluída como ele representou a anatomia "Homo-Aracnídea" de Peter Parker, detalhando músculos e tendões, mas principalmente pelo colorido em aquarela que conseguiu deixar tudo com um certo "ar plastificado", graças a iluminação e volume aplicados.
Outro ponto marcante dessa capa foi a rica construção do cenário de fundo, com edifícios que lembram a diversidade arquitetônica de grandes centros urbanos, como a cidade de São Paulo, corroídos pelas intempéries climáticas; Pois neles vemos fissuras, rachaduras, manchas de mofo e áreas com tinta descascando.
Já na edição seguinte, eliminando o cenário detalhado, ele consegue ressaltar a expressão de insana satisfação do Duende Verde, após ser o responsável pelo momento mais dramático da vida de Peter Parker, diante do corpo já sem vida de Gwen Stacy, que de tão lindamente retratada, mais parece uma Bela Adormecida.

E por falar em ressaltar, todo o esforço físico do Poderoso Thor ao conter o poder do trovão em seu martelo fica evidente pela tensão transmitida na capa de Heróis da TV #87. Assim como a força exigida do Sentinela da Liberdade para arremessar seu emblemático escudo em direção do leitor, na edição #90 de Capitão América.

Mas nem só de varões bem nutridos a arte de Portela é impactante. Observem as atléticas e deliciosas curvas de duas das mais sensuais guerreiras de outras realidades: Sonja, a Vermelha se destacando violentamente num sangrento campo batalha hiboriano em GHM #13 e a felina de verdade, Cheetara da revista-poster dos Thundercats, que nada tem haver com a Marvel é verdade, mas que bem poderiam vir habitar em Wakanda.
Essas ilustrações, todas datadas de 1986 foram responsáveis por uma "equivocada certeza" de minha parte, de que seriam as primeiras de muitas que ainda estavam por vir, mas o tempo foi passando e essa presunção acabou não se concretizando. Acabei me resignando com fato de que mesmo com título próprio, O Incrível Hulk talvez nunca fosse retratado, muito menos o meu personagem Marvel favorito - O Demolidor, numa possível épica capa da SAM. Essas infelizmente a Editora Abril ficou devendo pra gente.

Foi somente quatro anos depois, em dezembro de 1990, que me deparei com uma nova representação "Marvel Portelense" em Capitão América #190, mas dessa vez sem o brilho reluzente conferido através das cores aquareladas. Muito provavelmente a Abril não quis pagar pelo enobrecimento da arte, numa infeliz contenção de gastos!

Independentemente desse pequeno detalhe, minhas esperanças foram então renovadas, quem sabe eu finalmente veria o "Demônio da Cozinha do Inferno" no "Estilo Portela", estampar de forma audaciosa uma futura capa de Superaventuras Marvel?
Mas que nada! Para minha total frustração isso acabou nunca acontecendo, só me restando então apelar para máquina xerox, quando enfim me dei por derrotado em minhas esperanças.

Mas sem medo de ser feliz, ampliei a capa do Capitão #190 pro formato A4, afinal sua composição era perfeita e através "literalmente" do papel vegetal, substituí o bandeiroso pelo Demolidor, me dando por satisfeito! Ou quase. Pois ao final dessa espera toda, o desenho acabou ficado em preto e branco mesmo, como vocês vêem agora. Pra compensar a falta das cores, o enchi de "hachuras", ciente de minha inabilidade para reproduzir a técnica "aquarelavel" do Mestre.
>> Na Galeria final, vejam que Portela ilustrou também algumas capas para títulos DC/Abril:

Por conta disso, nem preciso dizer aqui, a falta que fez uma capa do BATMAN assinada por ele...
Fonte: (guiadosquadrinhos.com)
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