CANALHA ATÉ DIZER CHEGA.
>> Luca Torelli, é um assassino de aluguel inescrupuloso e desalmado, cuja vida gira em torno de dinheiro, sexo e vingança; Ele é também conhecido pela alcunha de Torpedo (gíria dos Anos 1930 que retratava a objetividade e letalidade com a qual os profissionais desse ramo cumpriam seus contratos de trabalho).
Criado pelo escritor espanhol Enrique Sánchez Abulí no comecinho dos Anos 80, sempre acompanhado de seu parceiro de bochechas proeminentes Rascal, suas histórias são curtas e certeiras como uma bala, atingindo o alvo, no caso o coração de todos os aficionados pelo eletrizante e cultuado cinema NOIR e seus marcantes esteriótipos.
Inicialmente a série Torpedo 1936 (ambientada na época da Grande Depressão Americana, quando gangsteres formaram impérios alimentados por diversos tipos de contravenção, sobretudo o contrabando de bebida ilegal), foi desenhada pelo mestre do design de animação Alex Toth, que acabou se desligando do projeto devido a abordagem crua, imoral e violenta dos roteiros de Abulí.
E isso foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, pois já na sua 3ª aventura, Torpedo passa a ser desenhado, pelo também espanhol, Jordi Bernet, resultando num casamento perfeito entre roteiro e arte, fazendo da série um premiado sucesso editoral que perdurou por quase duas décadas, só terminando em dezembro de 2000 devido a um desentendimento entre a dupla.
Aqui no Brasil, Torpedo 1936 teve apenas cinco álbuns publicados pela Martins Fontes, (cujo último, não consegui comprar até hoje) e apareceu no mix de quatro edições da icônica Revista Animal, mas tanto nos EUA quanto na Europa o personagem vem ganhando varias coletâneas ao longo da última década.
Curiosamente a mais recente delas, saiu pela Panini Espanha num volumão de 600 páginas reunido os seus 15 álbuns, mas acho difícil a Panini Brasil fazer algo do tipo, já que a editora raramente foge do nicho de super-heróis. Acredito muito mais que essa publicação poderia estampar o selo Quadrinhos da Cia pertencente a Companhia das Letras.
Uma versão desse volumão espanhol é perfeitamente possível para a editora, vide o tamanho de lançamentos como Diomedes, Retalhos, Habib e NY: A Vida na Grande Cidade. Mas eu optei por um projeto um pouco diferente, só para aproveitar a oportunidade de utilizar várias das ilustrações marcantes de Bernet. E por isso imaginei dois volumes de 300 paginas cada, coletados num box protetor e vendidos juntos.
Quanto ao layout das edições, um fundo em tom bege queimado sobre uma textura suja com arranhões é uma forma de remeter a frieza do concreto que molda as grandes metrópoles, como a Nova York, cenário das aventuras do personagem, mas principalmente oferecer o contraste ideal para a técnica de chiaroscuro, dominada por Bernet. Busquei também inspiração em antigos movie posters, para criar combinações harmoniosas e dramáticas com as ilustrações escolhidas.
O logotipo foi construído de modo a transmitir a sensação do movimento percorrido por um projétil que fragmenta o que se põe em seu caminho ao mesmo tempo que se afunila numa viagem em direção ao passado ambientado pelas histórias da edição.
Os tons de vermelho logicamente remetem ao sangue que resulta do violento oficio do personagem. Uma aplicação de verniz localizado nos elementos sobrepostos ao background valorizaria ainda mais o conjunto.
E como se já não fosse bastante perceptível dado as imagens que ilustram as encadernações tive também a ideia de bolar o subtítulo "Coleção Completa de um Cara Canalha" para reforçar ainda mais o teor das histórias que o leitor irá encontrar nas edições.
E sobre o detalhe do perfil de Torelli na contra capa, ser em dia-positivo, é apenas uma bossa, mas pode também simbolizar que a publicação contém um Raio-X completo do personagem.
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